domingo, 13 de maio de 2012

Parauapebas: 24 anos de idade

O município de Parauapebas chega nesta quinta-feira, 10 de maio, aos seus 24 anos de emancipação político-administrativa, com uma história que se destaca entre as maiores e melhores cidades do Brasil, pois seu desenvolvimento neste curto espaço de tempo é considerado, em termo de crescimento proporcional, maior que o da China.

Com fatos históricos que ainda precisam ser estudados e catalogados dentro de um cronograma específico de datas, a história de Parauapebas começa por volta de 1980, quando surgiu um vilarejo formado por um amontoado de barracos de pau a pique e folha de palmeira, que servia de pousada para os garimpeiros que se aventuravam no garimpo de Serra Pelada.


No local se encontravam muitos estabelecimentos que vendiam bebidas alcoólicas, alimentos e dormida, com muita música e mulheres-da-vida, tudo a peso de muito ouro, que na época era a moeda corrente em virtude da quantidade existente saída do garimpo vizinho.


Tudo isto atraiu muita gente de toda a espécie para o lugarejo recém-criado, transformando o mesmo num cenário desregrado de violência e toda sorte de desmando, vindo daí surgir o nome de ”Inferninho”, primeiro nome de Parauapebas.


Com a chegada de muita gente que queria trabalhar no Projeto Carajás, já instalada no alto da serra, pessoas bem intencionadas passaram a colocar ordem no local, abrindo ruas e avenidas, construindo casas e se organizando, e com isso a corrutela recebeu o nome de “Rio Verde”, em virtude de um igarapé que passa na fazenda onde a área ocupada se situava...

CIDADE ORGANIZADA
Já instalada no alto da Serra dos Carajás, com o seu projeto para extração de ferro, a então Vale do Rio Doce pensou em criar uma cidade toda planejada e organizada, com água, luz, esgoto, ruas, avenidas, área de lazer, hospital, cadeia, escolas, área comercial e residencial, e tudo isto foi iniciado com a denominação de Cidade Nova.


O projeto de construção da cidade pela Vale encontrava-se em franco e acelerado desenvolvimento, com a construção do hospital, cadeia pública, escola, serviço de água, iluminação, ruas e avenidas, local para residências de moradores selecionados com construção de casa em alvenaria ou madeira de alta qualidade, centro comercial e repartições de administração da Vale, que acompanhava a fiscaliza as obras.


O local já se chamava núcleo de Parauapebas, com administradores nomeados por Marabá, que era a comarca do município, ou município-mãe (como muitos gostam de chamar).


No entanto, antes da emancipação houve a revolta dos garimpeiros que queriam fazer garimpo na Serra dos Carajás e a Vale não permitia.


A revolta com invasão da área construída destruiu boa parte de prédios, e logo em seguida veio a emancipação, com a entrega de tudo para a administração municipal, que não teve pulso para manter o projeto elaborado de cidade planejada.


CRESCIMENTO DESORDENADO
Com a emancipação, nasceu o crescimento desordenado de Parauapebas, milhares de pessoas começaram a chegar e ocupar as áreas dos bairros Cidade Nova, Rio Verde, Primavera e União, os únicos existentes na cidade. Emancipada em 1988, em 1990 a cidade já tinha mais de 20 mil habitantes, e não parava de chegar gente.


As áreas na Cidade Nova, Rio Verde, Primavera e União só podiam ser ocupadas a peso do dinheiro, pois todas já tinham dono, e prevalecia o processo de especulação.


Como a maioria dos migrantes era formada por pessoas carentes, vindas principalmente do Maranhão, o processo de invasão provocava muitos desentendimentos e morte, tendo o prefeito da época, Faisal Salmen, resolvido criar mais áreas para assentar os visitantes. No entanto, quando acontecia a negociação entre a prefeitura da compra de uma área próxima ao Rio Verde para implantação do novo bairro, o fazendeiro e empresário Lázaro José Veloso, conhecido por “Serraria”, se adiantou e comprou a área, por ver na mesma um excelente investimento imobiliário.


BAIRRO DA PAZ
O prefeito não gostou do comportamento do fazendeiro, e por isso invadiu a área, abriu ruas e passou a distribuir lotes para os interessados.


Se houve invasão por parte da administração pública, o mesmo aconteceu por parte de diversos particulares que passaram a demarcar e ocupar áreas, surgindo daí o bairro que recebeu o nome de “Invasão”.


Como todo processo de ocupação ilegal, a violência com mortes passou a imperar no local, que mesmo assim recebia moradores e se desenvolvia. O número de morte era tanto, e os tiroteios eram tão constantes, que o local passou a se chamar “Bairro da Bala”. Mas a civilização aos poucos foi chegando junto com o progresso e o bairro que se tornava o mais populoso da cidade recebeu o nome de Bairro da Paz.


FIM DO “INFERNINHO”
Em 1990, o prefeito Faisal Salmen acabou definitivamente com as últimas recordações do “Inferninho”, ao mandar demolir todas as casas construídas em palafitas, que ficavam na entrada da hoje Rua do Comércio, às margens da rodovia PA 275, onde funcionavam bares, restaurantes e muitos ambientes de diversão com mulheres de vida livre.


O processo de invasão de áreas tanto pública como particulares se tornou comum na cidade, e este costume permanece até hoje.


Depois do Bairro da Paz, os outros locais invadidos foram Riacho Doce, Bairro Maranhão, Novo Brasil, Novo Horizonte, Altamira e Vila Rica, todos ainda na administração do segundo prefeito Chico das Cortinas, que ainda comprou e distribuiu para a população o Bairro Liberdade, que no início tinha nome de Cortinão, em sua homenagem.


As invasões continuaram em todas as administrações com surgimento de novas comunidades e muito problema para os administradores, fazendo de Parauapebas uma cidade com desenvolvimento habitacional desordenado, onde a maioria das áreas ocupadas não tem sequer documentação legal, o que poderá ser dor de cabeça no futuro para muita gente, principalmente no caso de inventário.


57 BAIRROS
Segundo levantamento feito pelo setor de terras da prefeitura, a cidade na zona urbana conta hoje com 57 bairros, todos com grande ocupação e um número sempre crescente de novas construções, a maioria não oferecendo a menor infraestrutura, pois são loteamentos abertos aleatoriamente e até mesmo sem conhecimento da administração, que tenta, mas não consegue fazer uma fiscalização rigorosa, e a maioria das pessoas compra e constrói sem se incomodar com as dificuldades que irão ter em função da falta de infraestrutura.


 (Waldyr Silva, com informações de Zinho Bento)

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